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O scanner promete revolucionar o diagnóstico e a compreensão de doenças neurológicas.
A Comissão de Energia Atômica da França (CEA) divulgou as primeiras imagens do cérebro humano obtidas pelo scanner de ressonância magnética mais potente do mundo. O aparelho, que representa um marco significativo na neurociência, promete revolucionar o diagnóstico e a compreensão de doenças neurológicas.
“Vimos um nível de precisão nunca antes alcançado no CEA”, disse Alexandre Vignaud, um físico que trabalha no projeto.
Na tela do computador, Vignaud contrastou imagens capturadas pelo avançado scanner, conhecido como Iseult, com aquelas provenientes de uma ressonância magnética convencional.
Ele explicou: “Com essa máquina podemos ver os pequenos vasos que alimentam o córtex cerebral, ou detalhes do cérebro que eram quase invisíveis até agora”.
Segundo o site de notícias G1, o equipamento possui um campo magnético de 11,7 teslas, uma capacidade dez vezes superior aos scanners convencionais utilizados em hospitais. Essa potência extraordinária permite uma precisão de imagem sem precedentes, revelando detalhes minuciosos do cérebro que antes eram quase invisíveis.
A intensidade de 11,7 teslas capacitará o Iseult a “aumentar a compreensão sobre a relação entre a estrutura cerebral e as funções cognitivas”, como destacou Nicolas Boulant, diretor científico do projeto, mencionando exemplos como a leitura de um livro ou a realização de cálculos mentais.
A expectativa dos pesquisadores, é que o Iseult forneça dados significativos sobre os mecanismos ocultos por trás de doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer, além de transtornos psicológicos como depressão e esquizofrenia.
Os pesquisadores também têm o objetivo de mapear a distribuição no cérebro de certos medicamentos, como o lítio, que são utilizados no tratamento do transtorno bipolar.
O entendimento aprofundado da anatomia cerebral e das áreas ativadas durante tarefas específicas pode abrir novos caminhos para tratamentos eficazes, acreditam.
“Por exemplo, sabemos que uma área específica do cérebro, o hipocampo, está envolvida na doença de Alzheimer, por isso esperamos poder descobrir como as células dessa parte do córtex cerebral funcionam”, disse a pesquisadora do CEA Anne-Isabelle Etienvre.
“Se pudermos entender melhor essas doenças muito prejudiciais, poderemos diagnosticá-las mais cedo e, portanto, tratá-las melhor”, disse Etienvre.
O projeto é fruto de duas décadas de pesquisa colaborativa entre engenheiros franceses e alemães, e coloca a França na vanguarda da pesquisa em neuroimagem. Enquanto os Estados Unidos e a Coreia do Sul também desenvolvem scanners de ressonância de alta potência, o Iseult é o primeiro a escanear seres humanos.
A máquina, instalada em um laboratório em Saclay, ao sul de Paris, é composta por um cilindro de cinco metros de largura e altura, contendo um ímã de 132 toneladas. A abertura para o paciente mede 90 centímetros, e o sistema é alimentado por uma bobina de 1.500 amperes.
O Iseult ainda não será utilizado em pacientes comuns nos próximos anos, conforme mencionado por Boulant, pois o dispositivo “não está destinado a ser uma ferramenta de diagnóstico clínico, mas esperamos que os insights obtidos possam ser aplicados em ambientes hospitalares”.